O consumo de álcool interfere com medicamentos sujeitos e não sujeitos a receita médica, mas também com produtos naturais. Pode tornar os medicamentos menos efectivos, aumentar o seu efeito ou aumentar os efeitos secundários. O risco é maior quanto maior o número de medicamentos que tomar e maior a quantidade de álcool que ingerir.
Desde os anti-inflamatórios aos anti-epiléticos, passando pelos anti-depressivos e antibióticos, até mesmo alguns suplementos, quando não são seguidas as indicações do médico ou farmacêutico e são associados ao consumo de álcool, podem provocar danos à saúde. Ou, no limite, ficando indisposto pela ingestão de álcool, o vómito irá fazer com que se perca a medicação.
Será sempre melhor evitar beber álcool quando está a fazer medicação, contudo, em algumas situações, o consumo ligeiro de álcool em simultâneo com a toma de medicamentos, se feitos conforme indicado, não causará interferência nem reações.
Se tiver dúvidas sobre a possível interação de alguma medicação e a ingestão de bebidas alcoólicas, tome sempre a medicação, mas não beba sem falar primeiro com o seu médico ou farmacêutico.
Como se quantifica o consumo de álcool?
O número de unidades de álcool numa bebida depende do tamanho dessa bebida e da sua quantidade de álcool (percentagem) que se encontra nos rótulos das garrafas, latas, etc.
Por exemplo, a cerveja possui cerca 6%, o vinho 12%, o whisky 40% e shots 40% ou mais. Esta percentagem significa que em cada 100ml haverá 6g de álcool no caso da cerveja, 12g no vinho, 40g no whisky e mais do que isso num shot.
Assim, um copo de 100ml de vinho terá 12g de álcool, se beber dois copos do mesmo tamanho vai ingerir 24g, o que constituiu o limite para um homem adulto saudável ingerir por dia!
Para facilitar a compreensão, foi encontrada a “unidade de consumo de álcool” que corresponde ao volume de qualquer tipo de bebida em que estejam presentes 8g de álcool (por exemplo, no whisky, com 40%, corresponde a 20ml, um pouco mais do que uma colher de sopa!)
O consumo de álcool considerado de baixo risco/sem risco de causar doença do fígado é para o homem adulto 24g/dia (3 unidades) e para a mulher 16g/dia (2 unidades), com um consumo máximo de 5 dias por semana.
O consumo num único dia de maiores quantidades aumenta significativamente o risco.
Ao compararmos estes valores com o valor calculado para o pequeno copo de vinho acima, certamente teremos resposta para a pergunta abaixo.
Beber de forma moderada
Quantas vezes, afinal, bebemos de forma não moderada? Mais vezes do que julgamos.
Ter noção do que significa uma ingestão moderada de álcool poderá fazer a diferença quando falamos da sua toma em simultâneo com medicação.
Sabendo que os medicamentos são modificados/degradados no fígado e no estômago (a taxa de alcolémia aumenta se usar um Inibidor da Bomba de Protões, como o Omeprazol, por exemplo…) e que o álcool é também metabolizado pelo fígado, temos a certeza de que eventualmente existirá um limite na sua capacidade funcional.
A mistura de álcool e de paracetamol é exemplo disso, sendo uma das maiores causas de lesão aguda grave do fígado.
Podem ainda existir outros tipos de reacções quando se mistura um excesso de álcool com medicamentos anti-histamínicos (para alergias), anti-depressivos ou produtos naturais do género da camomila ou da valeriana, como ampliar os seus efeitos sedativos, aumentando a sonolência e reduzindo o tempo de reação. Também quando se mistura álcool com anti-inflamatórios, a probabilidade de hemorragias no estômago pode aumentar.
Existem sobretudo casos em que o consumo de álcool deve ser evitado, como em crianças e adolescentes, na gravidez e amamentação, na presença de algumas doenças e se vai conduzir ou manobrar veículos ou máquinas.
As indicações devem ser estritamente cumpridas!